6 de novembro de 2012

Vício Verde

A boca que você encostava na minha hoje encosta num papel de seda, e inspira, aspira, vira os olhos, vermelhos e me deixa sentir culpada, ainda com essa fumaça por todo canto. A boca que me beijava hoje beija tantos lugares de que só ouço falar, mas que mesmo tendo viajado tanto nunca conheci. O que ninguém sabe é que sou eu quem superou, cheia de traumas, marcas, dores, passados, coisas se movendo, coisas imóveis. Cheia. Mais uma dose de você e seria o fim. Me afastei do que poderia ser seu e te conservei com o melhor de mim, com o melhor do que conseguimos juntos, mesmo que estranho pra tanta gente, subimos tantos degraus... Degraus que você salta com seu pedaço de madeira, todo quebrado (você, a madeira), mas que hoje já não sei se é efeito de algo ou do que; se não é só você fazendo mais uma das coisas lindas que costumava fazer. Hoje são tantos outros, mas que antes você me procurava pra te esconder, e eu te escondia tão bem no meu colo que nunca nem te vi chorar, jamais chorou, menino homem de 12 anos já tão moço... tão mais adulto que nós todos juntos! Era tão difícil te fazer ficar longe do teu (agora) vício, uma planta, não mais as que você colocava em meus cabelos, mas outra que te alucina e te faz virar os olhos...

Foi embora com a desculpa de que foi pego usando, mas nem sabe,
que orei tanto pra que fosse.