18 de maio de 2010

O Incrível é que não está nada terminado.
Não dissemos "vim aqui para terminar com você, já deu nosso tempo, i don't love you anymore" - não foi dito então. Está pairando no ar e parando em mim.

13 de maio de 2010

A menina que roubava flores

Eu li o que ela escreveu - e mais uma vez Incubus entra nessa história. Ela sangrando por fora e chupando para dentro os pequenos furos entre os dedos com pequenas gotas de sangue vinho. Seu olhar certamente era um olhar como o de quem encontra um tesouro escondido na sua própria gaveta - cheia de luz!
Ela, tão rosa mas tão rosa que só não devia doer a vista pois era uma apaixonada se apaixonando mais ainda por aquele veludo pedindo "Me amacie para cá, agora para lá" e ela já era assim; apaixonada até o sangue.
Tudo bem, lhe compreendo. "Porque tão profundo?" Vou esclarecer agora: Ela foi no mais longe de tudo, foi procurando as batidas que aceleravam a cada dilaceramento, onde sua carne gritava: Oh! Pare, Pare! Oh! - e com os olhos brilhando, ajoelhada entre tantas flores e plantas que a enrolavam tentando a seduzir gritando "sou eu quem você deseja, sou eu", imóvel, fitava e acariciava o veludo e os espinhos a doendo por fora porque dentro era só amor. E falava, alto, tentando fazer com que o coração da flor ouvisse:
- É tão bom, é tão bom te roubar pra mim, rosa!

8 de maio de 2010

Ana - Engenheiros do Hawaii

Em frente ao bar ele estava.
Com as mãos nos cabelos bagunçados, remexidos com breves espaços marcados pelos dedos. Estava entorpecido de vida. E ele, sentado, bêbado, vendo a vida corrente correndo dele. E ela passava, a vida, rápida aos seus olhos enquanto todos também passavam, menos Ana. Ele gemia tão profundo "eu fui sincero Ana, eu fui sincero" e as pessoas, loucas, passavam e diziam pelo canto da boca olhando pelo canto dos olhos "é só droga." E por instantes já estava roendo as unhas, falando sem pensar. Sofrendo sua bebedeira acabada, falida, chorando Ana.
O dono do bar chegava mais perto, agaichava e suspirava baixinho baixinho com gosto de chá verde na boca "você não tem culpa mais se ela é um labirinto." O cigarro já estava queimando seus dedos todos, fumando de mal jeito, com um vinho barato e jogado no banheiro. Enquanto o espelho dizia "Ana." E ele procurava, procurava Ana sem saber.
Ana era a vida que corria dele. Então seu reflexo gritava no silêncio do bar fechado no centro da cidade, no silêncio do banheiro, no silêncio gritava: Ana!