Pela primeira vez Hilda estava certa.
Não media sorrisos ao longo do dia e muito menos lágrimas quando percebia que quando a culpa não é tua o outro não se perdoa. Como quem nunca tivesse perdoado (claro que pela falta de oportunidade), Hilda vivia repetindo que liberava perdão, perdoava, até que o peso sobre o outro afundava, como um ferro pendurado no pescoço, chafurdava na distância. O próximo passo, a próxima palavra, o próximo gesto, tornaram-se então, imprevisíveis. Não mais beijos nem mais calor: ele agarrava sua dor de pensar sobre e dizia coisas que nem astrólogos previam. Mas a culpa de ser perdoado se torna uma dívida eterna tão mais pesada do que qualquer pecado! Lembrei que havia pedido a Deus que este cálice, depois de derramado, se afastasse para sempre de mim. Não queria mais pelo fato de não suportar. Mas agora te peço perdão por abrir sua mão e colocá-lo na sua.
12 de janeiro de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)