Pela primeira vez Hilda estava certa.
Não media sorrisos ao longo do dia e muito menos lágrimas quando percebia que quando a culpa não é tua o outro não se perdoa. Como quem nunca tivesse perdoado (claro que pela falta de oportunidade), Hilda vivia repetindo que liberava perdão, perdoava, até que o peso sobre o outro afundava, como um ferro pendurado no pescoço, chafurdava na distância. O próximo passo, a próxima palavra, o próximo gesto, tornaram-se então, imprevisíveis. Não mais beijos nem mais calor: ele agarrava sua dor de pensar sobre e dizia coisas que nem astrólogos previam. Mas a culpa de ser perdoado se torna uma dívida eterna tão mais pesada do que qualquer pecado! Lembrei que havia pedido a Deus que este cálice, depois de derramado, se afastasse para sempre de mim. Não queria mais pelo fato de não suportar. Mas agora te peço perdão por abrir sua mão e colocá-lo na sua.
12 de janeiro de 2016
25 de julho de 2013
Dezoito
Acho que me apaixonei pelo desapego, pelo não saber e nem querer saber de nada. Quero respirar qualquer perfume que eu até então não reconhecia o cheiro. Quero qualquer coisa diferente do que a imaturidade de um menino tão grande por dentro mas que não se faz caber por fora. Quero, agora, que o externo se ajuste. Que a idade não só me sirva de favor, mas me traga maturidade. O que é ser mais velho eu não sei, mas quero te ver viver, de um lado tão menos experiente, menos consequente. Quero assistir teu assunto e ouvir cantar da vida que leva. Tuas canções falam de um amor mas suas palavras são medidas silábicamente. Quero ver até onde vai, essa nossa diferença de idade...
Bairro
Me fala desse gene causador da mutação entre coisas semelhantes a verde que vocês todos possuem e que não permite com que te encontremos facilmente pois parece musgo e engana os olhos que não olham atentos, tem que estar sempre a procura de alguma coisa pra poder encontrar o inesperado, o suspenso, o inédito, o que eu fitei pensando não ser nada, é ali que sei que vou te achar, numa rocha ou parede, nonde humanos não têm acesso pois são superfície, não-fundos, rasos, coloridos artificialmente, os humanos. Me conta do segredo que rege esse bairro, esses moradores, esse mar, porque eu não vejo fim. Isso será porque vocês não têm mesmo fim? Me capacite a me inventar toda vez que te encontrar, pois meu Deus, eu juro que te encontrei quando não procurava nada além de estar distante de mim mesma, do mundo, das cores, do opaco, porque minha vida era cinza. E então você me olhou com olhos que me assustaram por semanas, dias, horas, fazendo com que eu me perdesse de vista, pois eu já não me tinha, mas ninguém precisa saber, que onde eu me encontro é onde todo mundo se perde, passos e olhos vacilantes, pensamentos em corda bamba. Só psicografo meu ser, no papel, tinta, caneta, tento descrever minhas intenções sem causar distúrbio, pois eu já causei muito mal a quem arriscou tentar algo comigo ou por mim. Não me controlo, preciso dizer que.
Ando pensado muito...
Ando pensado muito...
9 de abril de 2013
Salto alto
Me dá qualquer parte de você, só para eu me apoiar enquanto doer o salto...
O salto que eu vou dar do mundo!
O salto que eu vou dar do mundo!
3 de abril de 2013
Ahh(mar)
O céu se fundiu com o mar, gerando algo muito além do azul; preto. Não senti medo, não havia mais nada para ser sentido. Tudo ali se apresentava imensamente como amor e minha alma se recusava a ficar apenas em mim: viajava por aí, por entre as rochas, os dois, milhares de barcos, e eu deixei de saber onde estou. Pois já não estou: virei. Sou!
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